No cenário global, onde a abundância e a carência coexistem, há uma realidade cruel que muitos preferem ignorar: mais de 1 bilhão de refeições são jogadas fora diariamente. Esse é o retrato doloroso pintado pelo Índice de Desperdício de Alimentos da ONU, um reflexo de nossa sociedade que esbanja enquanto outros passam fome.

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No coração desse problema está um custo que transcende os valores monetários. Estima-se que o desperdício e a perda de alimentos custem à economia global cerca de US$ 1 trilhão. Mas há um preço ainda mais alto sendo pago: as emissões de gases de efeito estufa geradas por essa prática irresponsável contribuem de 8% a 10% para o aquecimento global, tornando-se uma das principais fontes de poluição atmosférica.

A magnitude dessa tragédia se torna ainda mais angustiante quando confrontada com a realidade de que 783 milhões de pessoas sofrem diariamente com a fome, enquanto um terço da população mundial enfrenta insegurança alimentar. Esses números ecoam a iniquidade de um sistema que permite tal desperdício em um mundo que deveria ser capaz de alimentar todos os seus habitantes.

O relatório lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente não apenas evidencia a escala assustadora desse desperdício, mas também aponta para a necessidade urgente de mudanças. Afinal, mais do que números e estatísticas, estamos falando de vidas que poderiam ser alimentadas, de comunidades que poderiam ser fortalecidas e de um planeta que poderia ser preservado.

O desperdício é especialmente alarmante nos lares, representando 60% do total de alimentos jogados fora. Enquanto isso, a fome continua a assolar muitas partes do mundo. É uma ironia amarga que merece nossa atenção imediata e ação decisiva.

É um chamado para os países se unirem em um esforço coletivo para reverter essa tendência destrutiva. A diretora executiva do Pnuma, Inger Andersen, expressou corretamente que o desperdício de alimentos é uma tragédia global que não pode mais ser ignorada. É hora de passar da conscientização para a ação, antes que seja tarde demais.

Brasil investe em formas de mensuração 

Canadá e Arábia Saudita têm estimativas adequadas no nível de domicílios, enquanto no Brasil estão em andamento atividades para desenvolver uma linha de base robusta até o final de 2024. Neste contexto, o relatório serve como um guia prático para os países medirem e comunicarem consistentemente o desperdício alimentar.

Felizmente, há sinais de esperança. Países como Japão e Reino Unido demonstraram que a mudança é possível, reduzindo seus índices de desperdício em 31% e 18%, respectivamente. Esses exemplos mostram que, com políticas adequadas e parcerias sólidas, podemos transformar essa crise em uma oportunidade para um futuro mais sustentável.

No entanto, a responsabilidade não recai apenas sobre os governos; cada um de nós tem um papel a desempenhar. Reduzir o desperdício de alimentos deve tornar-se uma prioridade global, desde o nível individual até o sistêmico. Devemos repensar nossos hábitos de consumo, promover a educação sobre o valor dos alimentos e apoiar iniciativas que visam a redistribuição de excedentes para aqueles que mais precisam.

À medida que nos aproximamos do Dia Internacional do Resíduo Zero, em 30 de março, é hora de refletir sobre nossas escolhas e comprometer-nos a fazer melhor. Cada refeição jogada fora é uma oportunidade perdida de fazer a diferença. Vamos honrar aqueles que sofrem com a fome, respeitar o planeta que nos sustenta e trabalhar juntos para construir um mundo onde o desperdício não tenha lugar.

Crédito: Silvano Saldanha/JN LIBERTTI

Fonte: ONU

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